O
Movimento dos
prendedores
Numa
manhã,mesmo antes do sol se firmar e aparecer, eles já estavam se
organizando!
Posso
afirmar que aprenderam, lá no empacotamento, onde foram forçados
entrar no
saquinho, presos e levados para expedição.
- Pois
é!
Nem
notamos que o excesso de organização, tende a induzir elementos, unidos, criarem
forças contrárias àquilo pelo qual resolvemos
cria-los para deles fazermos uso.
Chego a ter pena ao vê-los, sob pressão, se tornarem no que são.
Se
pudessem escolher, talvez desejassem ser transformados em algo requintado, viverem
em ambientes ricos e nobres, ao abrigo do escaldante sol e
a repentina chuva.
Incontáveis
vezes submetidos ao extremo choque térmico do verão, tomam um
banho
gelado de gotas grossas a uma velocidade incrível, que os
atinge sem piedade.
É
certo que há um grito de alerta, uma voz salvadora, vindo de longe:
- Tá
chovendo, tirem a roupa do varal !!!!
Mas
essa voz, está preocupada na verdade tão somente com as roupas!
Esse
grito, praticamente é um alerta de guerra.
É
a guerra diária das donas de casa que igualmente pressionadas,
sobrevivem com terror ao
colocar aquele mundo de trapos pra secar.
Ah!
Se não fossem esses brilhantes prendedores, tudo estaria perdido.
Na
correria pra salvar os panos, esses coitados são deixados ali mesmo
pendurados, quando
não, caem e para boa parte deles é fatal, tendo perdido sua força derivativa do elo que,
embora os mantenha pressionados, são o sinal de vida e utilidade deles - A mola
propulsora.
O
arranque do patrimônio que a eles foi designado sustentarem é de tal
ordem, que no
apego aos trapos não são poucos os que perdem seus
membros e cadê os hospitais
destinados a recupera-los?
Simplesmente
não existem.
Caem
como frutas podres, salvo quando a própria patroa - famigerada *Rainha
do lar* vem
efetuar o resgate.
Maior
sorte eles tem, se essa tal é murrinha, uma avarenta ao extremo!
Se
for pobre, tanto melhor pra eles, pela dificuldade em arregimentar
novos prendedores,
ao custo atualizado, cata-os e de imediato os
acolhe em um balde ou nos bolsos do avental,
ainda que seja ela a
tomar os grossos pingos da tempestade em andamento.
Tais
Generalas são extremamente zelosas se dando ao cuidado de mesmo
havendo feridos
entre os prendedores, amputar suas partes ou recolher
as que encontra, para de dois
fazerem um.
É
certo que isso destona o batalhão.
- Os iniformis fica prijudicado!!!
É
comum, no entanto, encontrarmos num regimento alguns com parte negra
e outros com o
loiro distinto.
Se
bem que são loiros tão somente quando jovens, na medida em que
envelhecem se tornam
negões!
Podemos
dizer a partir desta evidência, que entre eles não existe
preconceito de cor.
A
infelicidade desses prendedores é o fato incontestável de
pertencerem muito mais a classe pobre.
Para
deixa-los mais perto da extinção, neste século de inovações,
sistematicamente são
substituídos por máquinas.
-
Há fortes rumores na lavanderia da Rainha Ana, sobre a implantação
desse cruel sistema.
-
O argumento é forte de que esses mesmos prendedores tem acumulado e
incentivado a
cultura de fungos entre os trapos.
-
A discussão está apenas no âmbito da rainha que sonha alto,
apesar de viver nesses países
produtores de empregadas domésticas e
serviçais sem preparo.
Aconteceu
ter sido fortemente influenciada, pela Princesa da mesma coorte, que
após
mudar-se para outro reinado, com visão futurista, se tornou em
pouquíssimo tempo Rainha
também.
Mesmo
antes de se tornar rainha já tinha sido influenciada pelos hábitos
daquele reino
novo, onde, na verdade, os hábitos sofisticados são há muito praticados, digo os mais
nobres na
história do mundo.
Sem
ainda ter o título benemérito de rainha e sequer imaginar
recebe-lo em tão curto
espaço de tempo, já fazia das suas com
essa máquina, que encontrou bem ali no banheiro de
seu apartamento.
Essa
jovem princesa, ficou toda esnobe, nunca teve acesso a tão
importante acessório
doméstico, de repente ele é todo seu!
- Já de cara conheceu a maquina tão sofisticada, que apita e posso
dizer que de certa forma
imita o grito de guerra, não prá
recolhimento, mas para esnobar avisando que está
encerrada a sessão
tecnológica que faz em minutos o que os pobres prendedores tinham
que
esperar ali, cansados por um dia inteiro, e não poucas vezes
por mais de um dia.
Os
coitados fazem turnos dobrados, avançando noite afora...e isso os
representantes de
classe nunca se deram conta.
Exatamente por ser o reino de Ana , jovem e bagunçado, também é pobre.
Até
os mais afortunados desse reino se utilizam dos prendedores.
Claro
que não são as rainhas desses lares que manuseiam os prendedores.
Como
foi mencionado, elas se utilizam de serviçais que dominam sobre os
prendedores.
Os
coitados são exterminados aos montes, quase uma madeirificina (
carnificina de
madeira).
-
As pobre loca, que jamais gastariam tanto com si mesmas, não pensam
duas vezes para
requerer da rainha mais e mais novos prendedores para
o regimento.
-Ali
sim têm fardamento novo, e não chegam sequer ter contato com essa
cultura de mofos
que exerce pressão psicológica, além da contagiosa sobre todo o povo do lugar.
Não
dá pra enganar, é só aproximar-se pra se sentir o clima e odor
desse grupo baixo de
seres que prevalecem nos casebres e puxadinhos ditos lavanderia .
Lavanderias
na verdade, apenas nas últimas décadas podem ser assim chamadas,
antes era
apenas - tanque...quando não o córrego ou tina...
O
outro fato oriundo dessa mesma classe social é a inevitável prática
de preço para formar
prendedores e disponibiliza-los para operação.
Popularizados
em material plástico, são coloridos, entretanto têm menos tempo de
vida.
É
certo que com as cores, alguns se tornaram elegantes, têm pompa e
prestigio.
-
Assim como no caso dos seres humanos, há os que são afortunados e
vão parar em
estúdios de tv, fotografia ou vitrine de loja, mas dá
pra contar nos dedos esses felizardos.
O
duro mesmo é para os que vão servir em hospitais humanos e
necrotérios, expostos ao
mal cheiro o dia todo.
Esse
movimento se iniciou na lavanderia há algum tempo atrás, logo da
saída da princesa.
Há
um documento daquela época que registra a insurreição insipiente.
Parece
que as coisas estão mesmo mudadas por ali !
Voltando
ainda mais, nos relatórios da época em que a jovem rainha, era
apenas uma colegial, triste pelo desenvolvimento da cultura Mofa do
ambiente em que vivia, ousou em dar cabo da situação, e desde
então tem promovido e investido tudo o que tem acumulado no
propósito de extermina-los.
A
primeira forte atitude foi declarar GUERRA contra eles.
-
Na época teve uma ideia radical – derrubar tudo e reconstruir a
partir do zero.
Não
foi exatamente assim que caminhou, mas radicalizou-se ao ponto de
haver uma drástica operação de extermínio que resultou nesse
momento.
Analisando apenas pelo ângulo dos prendedores, instalou-se o medo em aposenta-los, apenas conservando-se a ideia antiga e obsoleta.
Isto
não significa necessariamente que nunca teremos esses fiéis
soldados fazendo parte do reino, apenas serão reduzidos, e os
poucos que permanecerem serão destacados e pouco trabalharão.
Finalizando,
do jeito que as coisas vão, nem trapos já existem para serem assim
tão necessários.
Já há prendedores experimentando o que é sustentar grifes sob seus
cuidados.
Certo
é que são peças de promô, mas afinal o mais simples é um que leva
duas letras como simbolo – H&M......!!!!
Têm
origens nobres, uns vindos dos países nórdicos e vários lá de cima
da terra do Tio SAN.... O que é isso afinal? Samuel, Sambastisão??? Samba canção??
Encerro
meu relato, dizendo que prendedores unidos continuarão a praticar
boas obras pelo mundo afora, mas por aqui, estão respirando
aliviados, sem corromperem-se com fungos e o sol não os irá
fustigar tanto.
Claro
que isso tudo são rumores, mas onde há fumaça.......
Gerson
Getulio Machado
março/abril2011